domingo, 8 de agosto de 2010

Não julgar

A primeira lição que devo aprender é não julgar os outros.
A frase de Jesus “Não julgueis para não serdes julgados”.
Jesus não podia proibir de se reprovar o mal, pois, ele mesmo nos deu o exemplo disso, e o fez em termos enérgicos. Mas quis dizer que “a autoridade da censura está na razão da autoridade moral daquele que a pronuncia”, e que “A única autoridade legítima, aos olhos de Deus, é a que se apóia no bom exemplo”.
O que Jesus demonstra, com suas palavras e em todo o seu viver neste mundo, é que antes de tentar corrigir os erros dos outros, deve o homem corrigir, ou pelo menos, esforçar-se por corrigir os seus.
Quem assim o faz, pode tentar esclarecer seus irmãos, com a intenção de auxiliá-los no seu desenvolvimento espiritual, com discrição, sem alarde, sem gerar escândalos, sem imposições, de forma a mostrar-lhe sua verdadeira intenção de ajudar.
Em assim fazendo, o outro não vai ter motivo para sentir-se humilhado, principalmente, porque percebe a boa intenção de seu crítico, que demonstra ser seu amigo.
Jesus combate, sim, esse hábito desastroso de querer denegrir o outro, da exigência em relação ao comportamento alheio, querendo quem assim o faz, mostrar-se melhor do que é, sem falhas, superior aos demais, o que demonstra a maldade, o orgulho que existem ainda nos homens.
Esclarece Jesus, que mesmo quando percebemos no outro uma falha, da qual ele pode libertar-se com nossa ajuda, devemos também incluirmo-nos na censura e no esforço de corrigi-la em nós. Desse modo, estaremos melhorando a nós e aos que nos rodeiam, contribuindo para o progresso geral.
Jesus ensinou-nos a combater o mal fazendo o bem. Para isso, é preciso ver o mal onde ele existir, em nós e ao redor de nós. Não se pode combater o que não se vê ou não se percebe.
“O erro está em fazer essa observação em prejuízo do próximo, desacreditando-o, sem necessidade, na opinião pública. Seria ainda repreensível fazê-la com um sentimento de malevolência e de satisfação por encontrar os outros em falta.”
“Há casos em que seja útil descobrir o mal alheio?”
A caridade bem compreendida deve sempre falar mais alto, na análise das conseqüências desse mal.
Se as imperfeições de uma pessoa trouxerem prejuízos somente a ela, não existe nenhum motivo para divulgá-las.
Pode-se tentar conversar com ela, sem imposição, com raciocínios claros, inspirados pelo amor, pela amizade, se ela o permitir.
Mas comentar com outros, divulgar a quem quer que seja, é agir contra a caridade. O seu próprio viver vai lhe mostrando essas imperfeições e dando-lhe oportunidades de corrigir-se, quando ela quiser.
Todavia, quando esse mal pode trazer prejuízos a outras pessoas, o interesse do maior número de prejudicados deve sobrepor-se ao interesse de um. Torna-se, então um dever a sua divulgação.
“Conforme as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode ser um dever, pois, é melhor que um homem caia, do que muitos serem enganados e se tornarem suas vítimas. Em semelhante caso, é necessário balancear as vantagens e os inconvenientes”.
Sempre em dúvida, apelar para a caridade bem compreendida, pesando as vantagens e os inconvenientes para os envolvidos.

Bibliografia:
KARDEC, Allan -“ O Evangelho Segundo o Espiritismo”